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Pequeno Guia Sobre o Professor das Universidades Públicas no Brasil

Na semana do Dia do Professor, o Observatório do Conhecimento publica este pequeno guia sobre a realidade dos professores universitários no Brasil. Nosso objetivo é combater mitos e mentiras que são disseminadas nas redes e por autoridades que deveriam zelar por aqueles que são os principais responsáveis por fazer das universidades públicas as melhores do país.


Vale a pena ser professor universitário no Brasil?

O ministro da Educação, Abraham Weintraub,  disse em mais de uma ocasião que professores universitários nas universidades públicas brasileiras chegam a ganhar R$ 20.000 para trabalharem apenas oito horas por semana. Mas será que isso é verdade? Essa semana o Observatório do Conhecimento vai explorar o que fazem os professores universitários e apresentar os benefícios e as desvantagens dessa carreira.

O que faz um professor universitário?

Para ser professor universitário numa universidade pública brasileira é preciso atuar em quatro frentes: ensino, pesquisa, extensão e atividades de gestão. Ou seja, além de dar aulas na graduação e na pós-graduação, orientar alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado,  o professor tem que pesquisar, coordenar grupos de pesquisa, e divulgar os seus resultados através de publicações e da participação em eventos científicos, tem que integrar atividades administrativas da universidade, organizar projetos de extensão e muito mais…

Fora o tempo em sala de aula, na biblioteca, e/ou no Laboratório, o docente é frequentemente convidado a participar de processos seletivos, integrando banca de concursos e seleções de pós-graduação, além de bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado (essas últimas têm por volta de 200 páginas).

Como pesquisador, o professor universitário se empenha ainda em captar recursos para seus grupos e laboratórios de pesquisa, através de editais de agências de fomento (no âmbito federal e estadual), parcerias com empresas públicas e privadas, ou com outros órgãos governamentais.

Além disso, o professor ou a professora tem que participar ou formular projetos de extensão, abertos não só aos estudantes, mas a toda à sociedade. Hospitais universitários, por exemplo, são considerados como extensão das universidades, cursos de línguas, atendimentos médicos e psicológicos e muitos outros projetos são levados à frente por professores das universidades públicas.

Para além dessas três frentes, os professores e professoras das universidades públicas têm ainda que participar de atividades administrativas, coordenando seus departamentos e organizando sua linha de atuação. Participam ainda de conselhos universitários, comissões administrativas e outras instâncias internas da universidade.

Para completar os professores ainda organizam eventos científicos e editam períódicos acadêmicos.

Calcula-se então que a carga horário de um professor universitário seja de 40 horas semanais com dedicação exclusiva e não 8 como sugeriu Abraham Weintraub, pois não é só dentro de sala de aula que trabalha um professor. 

O que é preciso fazer para se tornar professor universitário no Brasil?

Para tornar-se professor universitário é preciso um longo percurso de estudos, que começa na graduação, que pode durar de quatro à seis anos, dependendo do curso. Após o término da graduação, é preciso ainda concluir os anos de pesquisa de mestrado (dois anos) e de doutorado (quatro anos) escrevendo uma tese ao final de cada um deles. Concluídos mestrado e doutorado, quem deseja ser professor precisa prestar um concurso público de provas e títulos na sua área de atuação. 

Apenas professores com doutorado, dedicação exclusiva e 16 anos de carreira, em algumas universidades, conseguem chegar ao patamar salarial mais alto na Educação pública superior, anunciado pelo ministro Abraham Weintraub como o salário base dos professores universitários, que em suas palavras, seriam zebras gordas, girando em torno de R$ 15 mil. Ou seja, são pelo menos 27 anos de qualificação somando o tempo na graduação, no mestrado e no doutorado.

Como o professor universitário contribui para a sociedade?

Os professores universitários contribuem para a sociedade de várias maneiras. São os professores das universidades que formam futuros profissionais de todas as áreas, inclusive aqueles que serão professores da educação básica; São eles e elas os que mais produzem pesquisa científica (No Brasil, 95% das pesquisas científicas são feitas nas universidades públicas), encontrando soluções e caminhos para os problemas do país e do mundo, tanto no campo social, quanto cultural, artístico, político e ecológico. Para isso, os professores e pesquisadores precisam de condições adequadas de trabalho, material e socialmente falando. Quando o próprio ministro da educação ataca os professores ,quando deveria defendê-los, nota-se que há algo de muito errado com o país. Nenhum país pode  se desenvolver sem investir em ciência, tecnologia, e educação. É esse investimento o que garante um futuro para os jovens, com melhores condições de vida, posições mais qualificadas de trabalho, menos agressão ao meio ambiente e maior consciência cidadã.

Defender professores e pesquisadores é defender a educação pública e democrática no Brasil.

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