Observatório do Conhecimento é recebido pela Secretária de Educação Superior do MEC

“Em 2019 o Observatório do Conhecimento esteve aqui no MEC e não pôde nem entrar”. A frase da professora da UFRJ Mayra Goulart, coordenadora do Observatório, mostra como mudou a política com o fim do governo Bolsonaro. Com a mudança na administração federal, representantes do Observatório foram recebidos pela Secretária de Educação Superior do MEC, Denise Pires de Carvalho, dando sinais que, com um governo aberto ao diálogo, a rede terá mais oportunidades de colaborar com políticas que fortaleçam a Educação Superior e a Ciência.

Na reunião, a secretária e os representantes do Observatório trataram sobre os desafios e as perspectivas para o Ensino Superior. As bolsas de permanência para os estudantes foi um dos temas discutidos no encontro. Denise sugeriu que o Observatório faça um estudo sobre o tema, para que seja possível pensar um sistema universal de bolsas de assistência e permanência para todas as universidades federais, mas com critérios que considerem as discrepâncias em termos de custo de vida em cada uma das localidades. Para Mayra, é positivo que o assunto tenha aparecido na discussão. “Para nós do Observatório é importante que essas bolsas de permanência considerem as interseccionalidades das desigualdades entre raça e gênero, mas também as questões relativas ao cuidado e à maternidade”, acrescentou.

A secretária de Educação Superior, Denise Pires de Carvalho, recebeu os representantes do Observatório no MEC

Também entrou na conversa a necessidade da volta do investimento. Segundo Denise, há no MEC o projeto de retomar as obras paradas em instituições de Ensino Superior. Outro assunto tratado foi a escolha para reitor. De acordo com Denise, o governo estuda uma mudança na lei atual que dê autonomia para que cada universidade decida como vai ser o seu processo de escolha, e que o presidente nomeie quem a universidade escolheu, preservando assim a autonomia da instituição.

“Foi uma reunião muito profícua. A secretária abraçou o Observatório, ouviu nossas reivindicações e a gente se disponibilizou a atuar junto com ela para reconstruir o país a partir da educação”, avaliou Mayra. Para a professora, a ida do Observatório a Brasília foi positiva, sobretudo na nova conjuntura, na qual a rede quer aumentar o diálogo com o Legislativo, e construir uma relação com o Executivo, de maneira a construir políticas públicas melhores para a Educação e a Ciência. “O Observatório tem a legitimidade de quem atua na área da Educação Superior e Pesquisa para fazer essa ponte. E também é um ator capaz de produzir pesquisas que respaldem ou que respondam perguntas que os operadores políticos do Executivo e do Legislativo precisam”, explicou.

“A agenda foi muito produtiva e positiva, pois pela primeira vez em seis anos pudemos estar no MEC e no CNPq, apresentar as atividades do Observatório e falar do que pretendemos desenvolver neste ano de 2023”

Romeu Bezerra, professor da UFSC e representante da APUFSC no Observatório

No Congresso, o Observatório foi recebido por parlamentares como Carlos Veras (PT-PE), Chico Alencar (PSOL-RJ), Tábata Amaral (PSB-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), signatários do Pacto pelo Conhecimento. A deputada ouviu com interesse a pauta do Observatório, e sugeriu que a rede faça um levantamento detalhado da situação dos estudantes indígenas. Célia propôs ao MEC a criação de uma universidade indígena, e defende outras pautas, como a criação de mecanismos de combate a discriminação aos indígenas no meio acadêmico e valorização do saber indígena na academia.

O deputado federal Guilherme Boulos fez uma avaliação da conjuntura na reunião do Observatório

Pela manhã, representantes do Observatório participaram de um café da manhã com os parlamentares que apoiam o Fórum Nacional Popular de Educação. Ontem, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez uma fala de conjuntura na reunião do Observatório.

“A agenda foi muito produtiva e positiva, pois pela primeira vez em seis anos pudemos estar no MEC e no CNPq, apresentar as atividades do Observatório e falar do que pretendemos desenvolver neste ano de 2023”, avaliou o professor da UFSC Romeu Bezerra, representante da APUFSC no Observatório. “Ademais, estamos saindo de uma posição de reação dos ataques do governo Bolsonaro as universidades e instituições de pesquisa para um debate mais propositivo, o que nos coloca em uma nova posição diante do quadro conjuntural que se inicia. Uma mudança significativa, que nos coloca novos horizontes”.

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