O que esperar das eleições para governador do estado de São Paulo em 2022, Ana Yuki Trigilio
O Boletim #2 está no mundo!
Que tal conferir um pouco mais das temáticas abordadas?
No oitavo texto “O que esperar das eleições para governador do estado de São Paulo em 2022” (p. 43-47), a graduanda em Ciências Sociais Ana Trigilio tem por objetivo contextualizar o leitor sobre o atual cenário político da eleição para governador de São Paulo.
Confira o texto abaixo!
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O que esperar das eleições para governador dos estado de São Paulo em 2022
Ana Yuki Trigilio [48]
Resumo O objetivo deste boletim é contextualizar o leitor sobre o atual cenário político da eleição para governador de São Paulo. A hipótese é que as eleições para governador do estado de São Paulo e para Presidente da República terão resultados alinhados. Ou seja, em ambas as esferas haverá eleição de candidatos do PT ou candidatos aliados ao Jair Bolsonaro (PL). Para tal estudo, foram analisadas matérias de pesquisa eleitoral e intenção de voto publicadas em sites jornalísticos como Exame, Datafolha, UOL, noticiários regionais e pesquisas sobre os partidos políticos no Brasil.
Cenário brasileiro desde as últimas eleições
Apesar de faltar apenas quatro meses para o primeiro turno das eleições, há diversas hipóteses e poucas certezas incontestáveis. Aliás, desde a última eleição para Deputado Federal (2018) e Presidente da República (2018), muitas certezas foram desbancadas e muitos pesquisadores foram surpreendidos em relação ao histórico de acontecimentos mapeados por estudos do departamento de ciência política.
Inicialmente, uma observação importante de destacar, pois será traçado pequenos pontos de conexão entre tais informações, é que as eleições para governador são inerentes aos acontecimentos nas outras esferas.
Assim sendo, para falar das eleições deste ano é crucial considerar a conjuntura política. O Brasil encontra-se num momento crítico de polarização, ou seja, quando os eleitores tendem a votar nos extremos e o centro desaparece. De forma que, o antipetismo é considerado a causa para a polarização atual. No início e em meados dos anos 2000 o PT foi o partido de maior preferência dos brasileiros em relação aos demais partidos. No entanto, a partir de 2013 tal preferência começa a declinar, sendo algumas das causas relacionadas à Lava Jato e a indicadores econômicos, tendo o seu ápice em 2016 com o impeachment de Dilma Rousseff. Assim, com o intenso crescimento do antipetismo, o eleitor migrou para outras opções de voto, assim, o antipetismo ajudou a eleger o atual presidente da república, Jair Bolsonaro (PL).
A vista disso, o cenário para as eleições de 2022 é: forte antipetismo e forte oposição ao governo e partido do atual presidente (PL). Essa situação na esfera federal é importante para o governo de São Paulo pois, além dos dois candidatos com maiores intenções de voto se localizarem no mesmo espectro político polarizado do país, São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil[49].
A intenção de voto para governador de São Paulo
Historicamente, o governo de São Paulo é composto pelo PSDB[50], no entanto, ao analisarmos os candidatos deste ano vemos Haddad, do PT, liderando como primeira opção de voto com 27% das intenções, seguido por uma disputa acirrada para a segunda opção entre Tarcísio de Freitas, com 17%, do Republicanos (o candidato de Jair Bolsonaro, ex-ministro do seu governo), e Márcio França, do PSB, com 14%[51]. O candidato do PSDB é Rodrigo Garcia, atual governador, mas segue com apenas 11% de intenção de voto. É estranho ver essa ruptura em relação à hegemonia do PSDB, o que acreditamos ser consequência dos acontecimentos e candidaturas para o cargo de Presidente da República.
Conclusão
As principais questões no momento são: Haddad possui a maior porcentagem de intenção de voto, no entanto, também possui a maior taxa de rejeição. O que pode prejudicar a quantidade de votos num segundo turno. Tarcísio de Freitas, o segundo com maior taxa de intenção de votos, possui o apoio daqueles que consideram o governo de Bolsonaro bom ou ótimo, assim sendo, essa taxa pode subir ou abaixar dependendo do que Bolsonaro fizer até o fim de seu mandato.
Márcio França possui número considerável, mas baixo, de intenção de votos, porém, paira a dúvida: com a coligação Lula (PT) e Alckmin (PSB), Márcio França (PSB) poderá deixar de competir pelo cargo de governador?
Outra questão é se o eleitor acata à essa coligação e se ela terá influência direta nas eleições para o estado. Com a polarização atual, não sabemos qual será a resposta dos eleitores à essas alianças com um candidato posicionado à centro, como o Alckmin. Até dia 5 de agosto está aberta a inscrição de candidaturas para concorrer às eleições do estado, sendo também a data para definir essa questão do França.
Assim sendo, ainda há dúvidas e variáveis para conseguirmos afirmar com plenitude algum cenário. Sabemos que podemos esperar um segundo turno com Haddad, agora basta acompanhar e tentar compreender as ações que vão garantir o candidato que irá disputar com o ex-prefeito da capital o cargo para governador de São Paulo.
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[48] Graduanda de Ciências Sociais pela USP.
[49] https://www.tre-sp.jus.br/eleicoes/estatisticas
[50] Dados da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
[51] Pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA.