Lula se reúne com reitores e defende autonomia universitária
O presidente Lula reuniu-se hoje com 106 reitores de universidades e institutos federais de todo o Brasil. Além do presidente, o ministro da Educação Camilo Santana, a ministra da Ciência e Tecnologia Luciana Santos, o ministro da Casa Civil Rui Costa e Márcio Macêdo, ministro da secretaria-geral da presidência da república.
O encontro foi uma promessa de Lula feita durante a campanha, de que encontraria os reitores ainda no seu primeiro mês de mandato. “O encontro com vocês é o encontro da civilização. Eu nunca consegui compreender qual era a dificuldade que um presidente da república tinha de se encontrar com reitores uma vez por ano. A única explicação era medo de que vocês iam fazer reivindicações”, disse o presidente, que concluiu “Estamos saindo das trevas para voltar a luminosidade de um novo tempo”.
O ministro Camilo Santana assumiu diante dos reitores alguns compromissos, como o reajuste de bolsas de pesquisa da Capes e do CNPq, a discussão e criação do novo Plano Nacional de Educação e a nomeação de reitores escolhidos pelas suas comunidades acadêmicas.
A defesa da autonomia das universidades na escolha dos reitores foi endossada por Lula. “Não pensem que o Lula vai escolher o reitor que ele gosta. Quem tem de gostar do reitor é a comunidade universitária”, disse o presidente fazendo uma menção a Bolsonaro, que nomeou mais de 20 interventores nos quatro anos do seu mandato.
Em seu discurso, Lula celebrou a memória do reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier, que cometeu suicídio após ter sido vítima de perseguição judicial pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O presidente também reafirmou que vai reunir-se pelo menos uma vez por ano com os reitores. “Todo ano teremos uma reunião para vocês se queixarem, cobrarem, para o ministro explicar. E nós podemos continuar divergindo, mas de forma civilizada, porque a democracia é isso. É conviver na diversidade da forma mais democrática possível”, disse.
“Vamos ter que discutir esse novo mundo do trabalho, e as universidades têm que participar dessa discussão, junto com empresários, sindicatos e governo, para desvendarmos o que faremos para colocar as pessoas no mercado de trabalho. Porque, do jeito que as coisas vão, teremos uma parte da sociedade não qualificada sem ter o que fazer”, disse o presidente, chamando as universidades à responsabilidade de repensar a formação dos profissionais brasileiros, especialmente dos mais pobres. “As universidades que desejamos no país não podem estar preocupadas apenas com os problemas da sala de aula, mas que elas estejam também preocupadas com os problemas fora da universidade, na rua que moramos, na nossa cidade. É esse novo educar que precisamos no Brasil”, defendeu Lula.