É com enorme satisfação que apresentamos o primeiro boletim do Monitoramento Eleitoral 2022. Trata-se de uma iniciativa conjunta do Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB), do Laboratório de Partidos e Política Comparada (LAPPCOM) e do Grupo de Pesquisa Democracia e Teoria (GPDET).  Estes três grupos de pesquisa, vinculados à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) se juntaram para formar o Observatório Político e Eleitoral (OPEL) cuja primeira iniciativa é o Monitoramento Eleitoral de 2022. 

Nossa expectativa é que esse monitoramento se constitua como uma contribuição modesta e inovadora para a ciência política brasileira. A proposta é fomentar uma iniciativa que converge pesquisa acadêmica, extensão universitária e divulgação científica. Por isso, dividimos o projeto em três grandes eixos estruturantes: a redação de um Boletim mensal com alguns dos temas fundamentais destas eleições, e que corresponde ao eixo da pesquisa acadêmica; a realização de rodas de conversa e formação cidadã em territórios periféricos a partir da rede de movimentos sociais e ativismos do Rio de Janeiro, que concerne ao eixo da extensão universitária; e a produção de vídeos curtos com o conteúdo da pesquisa para ser distribuído nas redes sociais e que equivale ao eixo da divulgação científica. 

Para viabilizar essa proposta procuramos estabelecer parcerias com entidades de dentro e fora da universidade. O PerifaLab e a BaseLab nos auxiliaram com o financiamento para viabilizar a pesquisa e também na mobilização de uma importante rede de ativismos periféricos e de comunicadores políticos; a Universidade da Cidadania (UC), órgão da UFRJ vinculado ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC), viabilizou a certificação universitária e também a relação com diversos movimentos sociais do Rio de Janeiro. E o Observatório do Conhecimento (OC) viabilizou suas redes como plataforma de hospedagem e divulgação do material e das atividades do projeto. 

O presente boletim abarca 12 temas que foram pesquisados por bolsistas de iniciação científica e dois mestrandos: a polarização Lula e Bolsonaro nas eleições; democracia e sistema eleitoral no Brasil; democracia e os ataques de Bolsonaro; a questão racial nas eleições; as mulheres nas eleições; a questão indígena nas eleições; candidaturas e pautas dos operadores de segurança nas eleições; candidaturas e pautas evangélicas nas eleições; a ação das mídias tradicionais, alternativas e redes sociais nas eleições; a ação dos movimentos sociais nas eleições; a ação de empresários e trabalhadores nas eleições; a polarização Marcelo Freixo e Cláudio Castro nas eleições.

Para as próximas edições, ampliaremos o leque de temáticas pesquisadas com a chegada de mais de 2 dezenas de estudantes que participarão do projeto de modo voluntário.

Por fim, mas não menos importante, é fundamental ressaltar que o tipo de conhecimento sistematizado neste e nos próximos boletins possui um engajamento político declarado: a defesa da democracia no Brasil. 

Entendemos, em consonância com a ampla maioria do campo acadêmico, que as eleições de 2022 serão decisivas para a sociedade brasileira. A institucionalidade democrática, consolidada com a Constituição de 1988, nunca foi tão atacada como vem ocorrendo desde 2016, com o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff, seguido, em 2018, pela eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência. No mesmo sentido, a perspectiva de avançar em um pacto social que, de fato altere, o padrão das desigualdades sociais, raciais e de gênero no Brasil nunca esteve tão ameaçada desde que o país foi redemocratizado. O assassinato da vereadora Marielle Franco e a prisão arbitrária do ex-presidente Lula, ambos em 2018, foram violências concretas e simbólicas contra a promessa de uma sociedade mais justa e igualitária. Não por acaso, ambos os eventos precederam a ascensão do bolsonarismo ao posto mais alto do Estado brasileiro. 

A pandemia da Covid-19, iniciada em março de 2020 e declarada encerrada, de modo irresponsável, pelo governo Bolsonaro em abril de 2022, foi marcada pela radicalização desse processo de crise da democracia brasileira, na medida em que, desde o primeiro momento, Bolsonaro atacou a sociedade e as instituições e colocou em marcha uma permanente tentativa de golpe de Estado para fechar de vez o regime. 

As eleições de 2022 podem recolocar as instituições e a sociedade brasileira em um caminho de redemocratização. É uma chance histórica, o que reforça a importância deste pleito. Sabemos que não será fácil: os episódios de violência política aberta serão crescentes, bem como a mobilização da extrema-direita contra o resultado das eleições. Pior, o presidente da República lidera esses dois processos. 

Entendemos que a produção e difusão de conhecimento em Ciência Política sobre a democracia e as eleições é, por um lado, um ato de resistência, haja vista o intuito deliberado por parte do governo em nos silenciar por meio do corte sistemático de verbas e de um ambiente repressor à liberdade de cátedra; por outro, é  uma contribuição modesta oferecida para valorizar o processo eleitoral brasileiro, para favorecer com que sejam respeitados os resultados das urnas e para promover o reencontro da sociedade brasileira com o caminho democrático.

Leia o texto na íntegra. Acesse o pdf e confira o primeiro boletim aqui!

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