O Boletim #7 está no mundo!

Que tal conferir um pouco mais das temáticas abordadas?

No quinto texto “Candidaturas coletivas e compartilhadas em 2022: mapeando candidaturas” (p .26-30), a voluntária Isabela de Oliveira analisa as Candidaturas Populares nas eleições de 2022.

Confira o texto abaixo!

_____
Candidaturas coletivas e compartilhadas em 2022: mapeando candidaturas
Isabela Felippe de Oliveira

Resumo O presente texto é parte da pesquisa do Projeto de Monitoramento Eleitoral 2022 e tem por objetivo analisar as Candidaturas Populares nas eleições de 2022. Estas candidaturas se propõem a solucionar a falha da representatividade na política brasileira com mediação na participação popular e elaboração de agenda política conjunta com a população. Avaliar políticas que sejam favoráveis ao povo, além de assimilar criticamente o que está sendo falado é de suma importância na hora de eleger candidatos e é isso que temos em mente ao nos propormos a pesquisar este tema. Para tal estudo, estamos utilizando matérias publicadas em jornais, documentos que abordam estas candidaturas, programas de governo e pesquisas de intenção de voto.

Ambiente político

De acordo com os dados do TSE que apontam que 88% das prefeituras são conduzidas por homens, 85% das Cadeiras do Congresso são de homens , a política é denominada por homens cisgêneros, héteros e brancos, embora a maior parte da população seja negra e mulher (52%) segundo (…). Isso expressa, além da falta de representatividade política, uma não-inserção de pessoas em situação de marginalização em ambientes de poder decisório, algo que quando se analisa o sistema ao qual estamos inseridos, percebe-se um preterimento desses setores da sociedade. Portanto, as três candidaturas a serem analisadas aqui possuem representatividade, além de programas que se preocupem com os direitos desses setores, pois não adianta uma representatividade que não atenda aos interesses das categorias exploradas e oprimidas. Este artigo também levou em consideração as regiões geográficas de cada candidatura, buscando trazer diversidade ao mapear não sudestinos.

Cleide Pretas Pela Bahia

Esta candidatura se apresenta de forma coletiva para a Câmara dos Deputados no âmbito estadual. O rosto da candidatura na urna é o de Cleide Coutinho, atual co-vereadora pelo Pretas Por Salvador que foi o primeiro mandato coletivo a ser eleito em Salvador, além de dirigente do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM). As outras integrantes são Márcia Ministra que é professora, educadora social e ativista do Movimento de Mulheres Negras\Mulheres em Lutas, Pró Dulce Rodrigues que é historiadora, pedagoga, conselheira do Conselho Municipal dos Direitos Humanos e do Conselho Municipal da Mulher e Iracema dos Santos que é ambientalista, agricultora e militante de Movimentos Sociais.

O Pretas Pela Bahia é uma liderança do Estamos Prontas que busca consolidar e ampliar a representação no campo da política institucional de mulheres negras, periféricas, LGBTQIAP+ que desempenham o papel de lideranças coletivas por todo o país.

Algumas de suas propostas são a assistência social com o intuito de fortalecer instituições que trabalham com o acolhimento de pais da juventude

preta que é vítima de extermínio, luta contra a intolerância religiosa através da regularização dos templos dos povos de terreiros, potencialização e apoio na regulação na esfera de saúde na Bahia para que o acesso seja democratizado de acordo com as leis 8.080\90 e 8.142\90 e o Decreto n˚ 7.508\2011 do SUS, assessoria de organizações no âmbito da sociedade civil que oferecem educação popular, consolidação da cultura local por intermédio de assessoria para criação e gestão de projetos culturais, elaboração de cartilha de formação de produtores culturais, projeto para construção de moradias populares por meio do projeto lotes urbanizados, entre outras.

Jones Manoel

Candidato ao governo de Pernambuco, é a única candidatura citada que está na modalidade compartilhada. Ele é historiador, professor, educador popular, também fazendo uso do Youtube para debater política, e militante antirracista.

O Coletivo Negro Minervino de Oliveira, o Coletivo Feminista-Classista Ana Montenegro e o Coletivo LGBT Comunista apoiam o candidato.

Algumas de suas propostas são aprovar a lei de cotas de trabalho para trans e travestis, criação de Parques Lineares nas margens dos rios para recuperar nascentes, estatização de transportes públicos que estão sob controle privado, promover e fortalecer o direito ao passe livre para estudantes e desempregados, garantir o piso salarial de todas as categorias da saúde e defender as que estão na luta pelo piso, além da jornada de 30 horas semanais, promover a universalização do direito a creche de qualidade, aumentar a rede de acolhimento para mulheres vítimas de violência, criar o estatuto da igualdade racial, regularizar e demarcar os territórios quilombolas do estado, entre outras.

A candidatura se enquadra no âmbito de compartilhada por conta dos Comitês pelo Poder Popular que seriam espaços de debate político em contato com a população de maneira direta acerca de temas diversos, tais como projetos de lei ou implementação de projetos.

Todas as Vozes

Esta candidatura se apresenta de maneira coletiva para o cargo de deputada estadual. Quem se apresenta como face da candidatura é Maria Madalena Silva que é pedagoga, atua na educação dos surdos através de interpretação por libras, é vereadora, também trabalha como intérprete na UFPA e ativista do movimento LGBTQIAP+, sua companheira de candidatura é Daniela Araújo que é agricultora, presidente da ASAPAP, luta em defesa dos territórios indígenas e multiplicadora da agroecologia. Ambas são amazônicas, embora estejam concorrendo no Pará.

A candidatura é apoiada pelo Vote LGBT+, uma organização criada em 2014 que procura aumentar a representatividade de pessoas LGBTQIAP+ em distintos espaços, principalmente na política institucional

Algumas de suas pautas são a proteção da liberdade sexual, identidade de gênero, garantia de qualificação profissional e geração de emprego para a comunidade LGBTQIAP+; incentivo à valorização da agricultura familiar, da piscicultura artesanal, ampliação da rede de atendimento de serviços especializados às populações tradicionais em situação de vulnerabilidade social para os povos tradicionais amazônicos e seus territórios; identificação e proteção de áreas ecológicas estratégicas com combate à crise climática e ao desmatamento da Amazônia, monitoramento, prevenção e repressão à exploração ilegal de garimpo, madeira, mineração, caça, agropecuária e atividades poluidoras; luta pela ampliação da rede de atendimento de serviços especializados de mulheres em situação de vulnerabilidade social, entre outras.

Conclusões

As três candidaturas possuem elementos de aproximação, pode-se citar o viés ideológico semelhante até certo ponto, os partidos das candidaturas serem de esquerda-esquerda radical, os candidatos serem ativistas\militantes de causas sociais, apoio de movimentos sociais às candidaturas e todos são não-brancos e periféricos.

Em um panorama mais geral, de acordo com um documento do RAPS – Mandatos Coletivos e Compartilhados do ano de 2020, os partidos de esquerda, se comparados aos de centro-esquerda e centro, saíram em superioridade numérica nas candidaturas coletivas, este ano não foi diferente, mas há a tentativa de inserção de partidos de direita.


Deixe um Comentário





dezenove − 3 =