Bienal da UNE recebe ministras da Ciência e Tecnologia e da Saúde

Um rio de cultura, política e ciência vai passar pela Lapa, no Rio de Janeiro, até domingo. Começou ontem a 13ª Bienal da UNE, que vai reunir 10 mil estudantes de todo o Brasil, e receber figuras da política, do ativismo ambiental, da ciência e da cultura. Com o tema “Um Rio chamado Brasil”, o evento tem uma programação com dezenas de atividades. O Observatório do Conhecimento participa do evento.

No primeiro dia do evento, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, participaram de um debate sobre a importância da Ciência na reconstrução nacional. “Não é possível pensar na reconstrução nacional, sem inovação, sem ciência e tecnologia. Ele perpassa toda e qualquer perspectiva de retomada. Seja ela na política, na saúde ou no desenvolvimento econômico”, disse a ministra Luciana Santos, com exclusividade para o Observatório do Conhecimento. 

Fernando Souza/AdUFRJ

Santos também garantiu que o  Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), terá seu total recomposto, ainda este ano, na ordem de R$ 10 bilhões. “A Ciência e Tecnologia tiveram uma redução drástica no seu financiamento, o que revela a falta de compromisso com um projeto de nação”, disse a ministra, que também garantiu que o presidente Lula vai anunciar em breve o reajuste das bolsas de pesquisa.

Nísia Trindade também afirmou que a Ciência terá papel crucial na sua gestão. “Já estamos convocando os comitês técnicos do ministério com base em critérios estritamente científicos”, afirmou a ministra. Ela e Luciana Santos participaram de uma mesa com o tema “Os afluentes da ciência na reconstrução nacional”.

Fernando Souza/AdUFRJ

É também a bienal do reencontro, já que o evento não acontecia desde antes da pandemia, e dos novos tempos, após os quatro anos do governo Bolsonaro. A grande presença de figuras dos mais altos escalões do governo é mostra disso. Além das ministras da Ciência e Tecnologia e da Saúde, estarão na bienal a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, da Cultura, Margareth Menezes dos Esportes, Ana Moser e da Igualdade Racial, Anielle Franco.

“É muito simbólico que tenhamos na Bienal da UNE ministros e ministras de Estado”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao Observatório do Conhecimento. “Ministras e ministros que falem a uma nova conjuntura, que falem a uma nova política e que se identifiquem com o desejo, os sonhos, e com a nova possibilidade de ter a Ciência respeitada, a Ciência como referência das políticas de governo e as universidades sendo valorizadas. É uma virada de chave muito profunda”, disse a parlamentar.

Os novos tempos também foram sentidos pela pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus. Sua equipe foi a primeira do Brasil a sequenciar o genoma do SARS-CoV-2, apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil. Ela foi homenageada durante a Bienal. Seu maior triunfo como pesquisadora, até aqui, foi durante um dos momentos mais difíceis da Ciência brasileira e da humanidade. Ela defende não só a valorização da pesquisa, mas também a inclusão. “Eu, mulher, negra e nordestina, quero usar a minha plataforma de reconhecimento para alavancar outras mulheres negras na Ciência”, contou.

Fernando Souza/AdUFRJ

“As bienais costumam abrir ciclos políticos no Brasil. A Bienal de 2019 abriu um ciclo de resistência, e agora essa vai abrir um ciclo de reconstrução”, avaliou Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que também organiza o evento. “Aqui vamos reunir diversos rios, diversas juventudes com um único objetivo, reconstruir o Brasil. E essa reconstrução passa necessariamente pela via da Educação, da Ciência e Tecnologia e da valorização da cultura”, disse.

A 13ª Bienal da UNE acontece até domingo (5), na Lapa, e todos os eventos são abertos ao público.

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