Estudo revela aumento das desigualdades sociais na participação do Enem
Estudo revela aumento das desigualdades sociais na participação do Enem
Pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) e do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade (NIED), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgaram esta semana os resultados de um estudo inédito que analisa a série histórica de inscrição e participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por estudantes concluintes do Ensino Médio. O estudo, intitulado “Oportunidades educacionais de estudantes concluintes do Ensino Médio: um estudo do Enem entre 2013 e 2021”, revela um cenário preocupante de aumento das disparidades sociais nos últimos anos.
Os resultados da pesquisa apontam para uma intensa diminuição da taxa de participação dos estudantes concluintes do Ensino Médio no Enem ao longo dos anos. A série histórica revela três tendências principais. Entre 2013 e 2016, houve um leve crescimento na participação dos jovens no exame. No entanto, a partir de 2017, ocorreu uma queda na participação, que se intensificou nos anos seguintes. A situação se agravou com a chegada da pandemia de COVID-19 em 2020, com uma queda acentuada na participação dos jovens, e essa tendência se manteve em 2021.
O estudo também destaca diferenças significativas entre as taxas de participação do Enem entre os estudantes das redes pública e privada de ensino. Antes da pandemia, a rede privada apresentava taxas de participação mais elevadas, porém, durante a crise sanitária, a diferença se ampliou ainda mais. Enquanto a rede privada registrou uma queda proporcional de 15% na taxa de inscrição, a rede pública estadual enfrentou uma redução de 41%. Isso evidencia um cenário de ampliação das desigualdades educacionais no país nos últimos anos.
Outro ponto preocupante destacado pela pesquisa é a existência de desigualdades raciais e de acesso para estudantes com deficiência. Antes da pandemia, as taxas de inscrição para estudantes concluintes do Ensino Médio com deficiência foram menos da metade das taxas observadas para estudantes sem deficiência. Em 2019, a participação efetiva dos estudantes com deficiência foi de apenas 24%, enquanto para os estudantes sem deficiência, foi de 55%. Essa disparidade tem se mantido ao longo dos anos.
A análise das probabilidades estimadas de realização do Enem durante a pandemia revelou uma queda significativa para todos os níveis socioeconômicos, afetando de forma mais intensa os estudantes mais pobres. Em 2020, houve uma queda acentuada nas probabilidades estimadas de participação no exame, e embora tenha havido uma recuperação em 2021, ela também foi desigual, com uma queda maior nos estudantes de baixo nível socioeconômico.
Os resultados alarmantes desse estudo reforçam a importância de políticas públicas efetivas e ações que visem a inclusão e igualdade de oportunidades no acesso ao Enem. É fundamental que sejam tomadas medidas para reduzir as desigualdades educacionais agravadas durante a pandemia, garantindo que todos os estudantes tenham condições equitativas de participação no exame e acesso ao ensino superior.
O estudo realizado pelo LaPOpE e NIED revela um panorama preocupante de aumento das desigualdades sociais na participação do Enem entre estudantes concluintes do Ensino Médio. As disparidades sociais, regionais, raciais e para estudantes com deficiência se acentuaram nos últimos anos, especialmente durante a pandemia. É imprescindível que as autoridades educacionais e governamentais concentrem esforços na implementação de políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades, visando a inclusão de todos os estudantes e a redução das desigualdades educacionais no país.
