O contexto político-partidário da baixada fluminense e a eleição para governador do Rio de Janeiro em 2022, por Victor Escobar David
O Boletim #5 está no mundo!
Que tal conferir um pouco mais das temáticas abordadas?
TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS TEXTO REDES SOCIAIS
Confira o texto abaixo!
_____
O contexto político-partidário da baixada fluminense e a eleição para governador do Rio de Janeiro em 2022
Victor Escobar David[37]
Resumo O presente texto é parte da pesquisa do Projeto Monitoramento Eleitoral 2022 e tem como objetivo identificar quem são os prefeitos da região da Baixada Fluminense, quais são seus partidos e onde se encontram em relação à eleição ao governo do estado do Rio de Janeiro. Para isso, analisará o cenário partidário das candidaturas. Após, será possível detectar através do partido dos prefeitos da Baixada Fluminense qual candidatura eles apoiam e, com isso, constatar se existe uma hegemonia do governador Cláudio Castro na região, que escolheu como vice-governador o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis.
A centralidade da Baixada Fluminense para a composição da chapa de Cláudio Castro e escolha de Washington Reis
A Baixada Fluminense é uma unidade geográfica que abrange treze municípios que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro e possui grande relevância eleitoral por conta de sua elevada densidade demográfica, tendo 2.732.216 eleitores, correspondendo a aproximadamente 21% do eleitorado do estado. Como exemplo, na Baixada se localizam o terceiro e o quarto maiores colégios eleitorais do estado, que são respectivamente Duque de Caxias e Nova Iguaçu, com a totalidade de 1.250.147 eleitores.
Nas eleições de 2022, a região ganhou protagonismo tanto na esfera estadual, como já era previsto, como também em nível nacional. No comício de pré-candidatura à presidência de Lula (PT) realizado na Cinelândia no dia 07/07/2022, a Baixada foi citada duas vezes: na primeira, pelo pré-candidato ao Senado pelo PT e atual presidente da ALERJ, André Ceciliano, que ressaltou que foi prefeito por dois mandatos do município de Paracambi; já na segunda, o próprio ex-presidente Lula afirmou que, na organização de sua agenda no estado, gostaria que o comício fosse realizado na Baixada.
Porém, o destaque maior da região se dá inegavelmente no âmbito da disputa para o governo. O atual governador Cláudio Castro, ainda pouco conhecido pelo eleitor segundo as pesquisas [38], demonstrou em diversas ocasiões que buscava um candidato a vice que pertencesse à Baixada. Ainda em março de 2022, na articulação com o União Brasil, noticiou-se que o partido indicaria a deputada federal Daniela do Waguinho para a composição da chapa[39]. A deputada é esposa de Waguinho, prefeito de Belford Roxo, município que possui o quarto maior colégio eleitoral da região, com 328.979 eleitores, e atual presidente do partido no estado do Rio. Daniela foi a sexta deputada federal mais bem votada nas eleições de 2018, sendo eleita pelo MDB com 136.282 voto[40].
Cláudio Castro também sondou lideranças políticas de Nova Iguaçu. O primeiro a ser cotado foi o prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), em janeiro de 2022[41]. O prefeito foi reeleito em Nova Iguaçu nas eleições de 2020 em primeiro turno com 62,10% dos votos, tendo grande aprovação popular no município. É um político tradicional, filiado a um dos maiores partidos do Brasil, o Progressistas, e representa um elemento estabilizador na política iguaçuana[42]. Contudo, Rogério Lisboa não será candidato a nenhum cargo eletivo nestas eleições, mesmo estando em seu segundo mandato, provavelmente por conta do contexto político local. Isto porque Nova Iguaçu não possui vice-prefeito, uma vez que o eleito para esse cargo, o deputado federal Juninho do Pneu (União Brasil) não o assumiu para continuar exercendo seu mandato no parlamento.
Com a recusa de Rogério, outros políticos ligados a ele foram cotados à composição da chapa, inclusive sua esposa, Erika Borges Ammon, que jamais concorreu a qualquer cargo eletivo. Além dela, outro político do Progressistas e de grande influência no município chegou a ser cogitado: o deputado Doutor Luizinho, presidente estadual do partido, que ocupou os cargos de secretário de saúde de Nova Iguaçu e do estado do Rio de Janeiro, eleito em 2018 com 103.745 votos, mas que teve o nome vetado pela direção nacional do partido por conta de seu importante desempenho eleitoral. Ainda em Nova Iguaçu, noticiou-se que a deputada Rosângela Gomes (Republicanos), que pertence à Igreja Universal do Reino de Deus e se encontra no segundo mandato, poderia ocupar a vaga[43] .
Por fim, no dia 28/06/2022, Cláudio Castro divulgou a escolha de seu vice: o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB). Político tradicional em seu município, foi prefeito por três mandatos, sendo reeleito para o último em 2020 em primeiro turno, com 52,55% dos votos. Duque de Caxias é um dos municípios mais populosos do estado do Rio, tendo importância fundamental no pleito. Além disso, Washington Reis é atrelado ao espectro do bolsonarismo e pertence à Assembleia de Deus, razão pela qual é um ator político complexo e que agrega diferentes valores à candidatura de Cláudio Castro.
A aliança político-partidária de Cláudio Castro no governo do Rio de Janeiro e o atual cenário eleitoral
Para se fazer a análise do cenário eleitoral do Rio de Janeiro, é importante identificar as candidaturas. Já confirmadas, temos: Cláudio Castro (PL), Marcelo Freixo (PSB), Rodrigo Neves (PDT), Paulo Ganime (NOVO), Cyro Garcia (PSTU), Eduardo Serra (PCB) e Wilson Witzel (PMB)[44].
Cláudio Castro conta com uma aliança extensa, que pode ser observada, além de declarações já oficializadas, pela ocupação de cargos e posições estratégicas em seu governo[45]. São pelo menos 13 partidos, sendo eles: PL, PP, União Brasil, Republicanos, Avante, PSC, MDB, Solidariedade, Podemos, PROS, PRTB, Patriota e PMN. A coligação do candidato Marcelo Freixo (PSB), que é muito atrelada ao âmbito nacional, já foi divulgada e conta com o apoio dos seguintes partidos: PSB, PT, PSOL, PCdoB, REDE e PV. Além disso, oficializou o vereador Cesar Maia (PSDB), como candidato a vice-governador. Já Rodrigo Neves (PDT) contará, a partir de articulação do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD), com Felipe Santa Cruz (PSD) como vice, e possivelmente com o apoio do Cidadania[46]. Os demais partidos ainda não apresentaram coligações.
Com isso, identificados os partidos e possíveis alianças político-partidárias, a próxima etapa será realizar o levantamento dos partidos aos quais os prefeitos dos municípios que compõem a Baixada Fluminense são filiados e identificar qual a candidatura a governo apoiada por eles.
Prefeitos, partidos e apoio político na Baixada Fluminense
Excetuando Duque de Caxias, o maior município da região, com 658.000 eleitores, cujo ex-prefeito, Washington Reis (MDB), foi escolhido como vice-governador da chapa de Cláudio Castro, apresento abaixo uma planilha com os outros 12 municípios da Baixada Fluminense, indicando prefeito, partido e número de habitantes.
Realizando uma análise do contexto partidário, é possível concluir que: dos doze prefeitos, quatro são do mesmo partido que o governador Cláudio Castro (PL); outros sete prefeitos (Belford Roxo, Seropédica, Queimados, Nova Iguaçu, Magé, Itaguaí, e Guapimirim) são de partidos coligados ao governador Cláudio Castro; e apenas a prefeita de Japeri, o quarto menor município da Baixada em números de eleitores, é de partido que possui candidatura própria, que é Rodrigo Neves, (PDT).
No entanto, é preciso destacar que, embora filiada ao PDT, a prefeita de Japeri, Dra. Fernanda Ontiveros participou de ato de campanha de Cláudio Castro, causando mal estar no partido[47]. Além disso, há uma inegável parceria entre os dois, já que o município de Japeri recebeu o programa Segurança Presente. Porém, tal situação só será observada corretamente quando as candidaturas forem formalizadas e, posteriormente, na conjuntura eleitoral em caso de segundo turno.
Conclusão
Conforme demonstrado a partir da análise político-partidária dos prefeitos da Baixada, é possível afirmar que há um verdadeiro monopólio do governador Cláudio Castro na região, sendo possível que todos os municípios apoiem sua candidatura. Dos treze municípios, doze prefeitos são de sua coligação direta, incluindo o ex-prefeito do município mais populoso da Baixada Fluminense, Duque de Caxias, que ocupará o cargo de vice-governador na chapa.
Com isso, num primeiro momento, existe uma indicação de que Cláudio Castro conseguirá aumentar seu nível de conhecimento pelo eleitor, que é uma das principais barreiras em sua campanha, bem como dificultará a articulação dos demais candidatos na região. Importante frisar que esse monopólio não existe apenas na Baixada, mas que se reflete em todo o estado do Rio de Janeiro. Estima-se que o governador possua apoio de cerca de 80 prefeitos[48].
[37] Advogado, pós-graduado em Direito Eleitoral pela PUC/MG e mestrando em Sociologia Política pelo IUPERJ/UCAM.
[42] MEDEIROS, Josué; TEIXEIRA, Elton. Eleições 2020, crise da democracia e resiliência do sistema político de Nova Iguaçu: a trajetória do prefeito Rogério Lisboa como elemento estabilizador da política iguaçuana. In: BORBA, F.; FIGUEIREDO, Argelina. “Política local no estado do Rio de Janeiro: disputa partidária e comportamento político nas eleições municipais de 2020”. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2022.